As peteneras são um estilo de canto e dança flamenca, associado à superstição desde as suas origens, porque se diz que traziam azar a todos os que a interpretam. Sendo assim, é um dos estilos mais emocionantes do flamenco composto por letras tristes e melancólicas. Em contrapartida seu ritmo é mais rápido e a melodia mais alegre embora sua velocidade de interpretação seja mais lenta.

Ademais das peteneras serem formadas por quatro versos, é devido à repetição de alguns destes que se cria uma ilusão de que são mais estrofes. Além disso, outros versos em forma de rima são adicionados, o mais comum sendo “Madre de mi corazón”. Portanto, a métrica das peteneras é determinada pelos compasses de 6/8 e 3/4, e são enfatizados na forma de 1-2-3 1-2-31-21-2 1-21-2.

Qual a origem da Petenera?

As peteneras já existiam na música antes de serem adaptadas para a música flamenca. Segundo alguns pesquisadores, esse é um estilo relacionado ao zarabanda (XVII). Ou seja, o nome vem de uma compositora que viveu em Paterna de Rivera em Cádiz no final do século XVIII e se chamava “La Petenera”.

Como outros estilos artísticos, não há consenso entre os conhecedores e estudiosos do flamenco sobre as origens de Petenera. Desse modo, algumas pessoas a localizam nos Estados Unidos porque também é chamada de Petenera, um estilo melódico de música e dança típica de Veracruz no México. No entanto, outros apontaram que a origem desse estilo é espanhol.

Na época, as pessoas pensavam que pelo fato de os nomes de Petenera serem mencionados em tantas letras se acreditava que tinham origem judaica, como vimos neste exemplo: “Aonde você vai, bela judia…?”. No entanto, a teoria mais influente é que se originou na voz de Veracruz, chamada Peteneras, cuja harmonia e tom são muito semelhantes ao estilo que conhecemos hoje. No final do século XIX, Peteneras ganhou fama na Espanha devido à influência do cantor José Rodríguez Concepción que se chamava “Medina el Viejo”.

Esta versão foi adotada por outras referências do canto flamenco, como Antonio Chacón ou “El de la Matrona” de Pepe. Posteriormente, “Nictel los Peines” tornou este estilo seu e o enriqueceu com sua voz inesquecível.

Um exemplo de Petenera composta pela “Niña de los peines”:

“Quisiera yo renegar de este mundo por entero, volver de nuevo a habitar ¡madre de mi corazón! volver de nuevo a habitar, por ver si en un mundo nuevo por ver si en un mundo nuevo encontraba más verdad”

A dança

A dança das peteneras tornou-se muito popular na escola de dança sevilhana, principalmente entre os jovens, e tornou-se uma das danças mais praticadas depois das clássicas seguiriyas. Por essa razão, o Flamenco é considerado uma das danças mais antigas.

Na história do flamenco podemos encontrar vários estilos: estilos antigos ou estilos grandes representados por “El Mochuelo” de Antonio Pozo, estilos modernos que se destacam o estilo “Medina El Viejo”.

Portanto a velha Petenera não pode ser dançada, enquanto as meninas dançam com passos de seguiriya, xales, castanholas e acompanhadas de aplausos. Por isso essa dança é atribuída principalmente a artistas como Paulino Ruiz, Soledad Miralles e Rosa Durán.

Como foi mencionado no início deste artigo, a dança e a inclinação da petenera são circundadas por um ar de superstição, como a canção nupcial cigana amanhecer. Essa superstição de “gente azarada” data da década de 1940 e é por isso que muitos cantores flamencos evitam cantar ou até mesmo preferem não escutá-la.